Sentado na soleira da porta, num gesto nervoso, João roía as unhas, sem parar. Sempre que a avó Amélia saía de casa para ir à quinta, sentia-se perdido e muito triste. Na televisão lá de casa, os desenhos animados ajudavam a passar parte dos dias. Mesmo sem ter noção das horas, o pequeno João conseguia perceber que o tempo passava muito devagar!
A avó era dona de uma quinta que o marido lhe havia deixado, cedo demais. Depois da morte súbita do avô Joaquim, Amélia, teve de assumir as rédeas do negócio. E sempre que tinha de ir à quinta, o João ficava na companhia de Ana Maria, a empregada lá de casa, uma senhora de idade avançada. Ouvia muito mal e já tinha alguma dificuldade em caminhar, pelo que já não era fácil acompanhar as brincadeiras.
- Não abras o portão a ninguém, meu querido! – pedia a avó, com a voz mais doce que João alguma vez conhecera! Qualquer coisa que precises pede ajuda à Ana Maria.
- Sim, avó. Fico à tua espera – respondia, obediente.
O mundo do João era limitado à companhia da avó, que era viúva, à empregada lá de casa e a um casal amigo que, de quando em vez, visitava a família.
Apesar de não ter memória dos pais, João era uma criança feliz, mas desejava ter amigos e aprender a multiplicar o verbo amar.
O João era muito afável e adorava brincar na terra e correr pelos grandes jardins à volta da casa. Gostava também de ver televisão e agora que estava quase a fazer 6 anos, contava os dias para ir para a escola.
- Avó, quantos dias faltam para eu poder ir para a escola? – questionava, ansioso.
- Está quase, João. Temos de ser pacientes e saber esperar – retorquia a avó. E continuava: Sabes, querido, a paciência é uma das nossas maiores virtudes.
Claro que estas palavras, apesar de serem muito bonitas, exigiam um entendimento que João ainda não tinha. Porém, a seu tempo, acabaria por descobrir!
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