#umdiavamosdesconfinar - Estremoz


O último dia de alguma viagem, mais longa ou mais curta, tem para mim sempre um sabor especial. É uma espécie de despedida anunciada e, apesar de tentar viver tudo até ao limite, por outro lado, encaro já as coisas de maneira diferente. Há como que um certo saudosismo que me invade, mesmo ainda estando no local e a vivenciar as coisas. Mas talvez, por isso, os últimos momentos conquistem sempre um lugar ainda mais especial no álbum das memórias. 

Se bem se lembram, continuamos por terras alentejanas! E que bem que sabe viajar de carro, com o sol a espreitar pela janela enquanto a paisagem nos apresenta as típicas casas brancas a pintar as colinas, que se “escondem” por entre as muralhas. 


A cidade de Estremoz encontra-se rodeada por dois conjuntos de muralhas, as primeiras datadas do século XIII em redor da vila velha, e situa-se junto ao castelo. A segunda, constituída por muros fortificados, foi erguida para proteger a parte baixa da cidade, em 1940/1948, ainda durante a Guerra da Restauração.

Possuidora de um vasto património, que além de importante, é de grande interesse, a quem por aqui passar recomendamos que se deixe passear pela Vila Velha (ou Largo Dom Dinis), subindo depois até ao Castelo do século XIII e ao histórico Paço Real, (atualmente foi transformado numa Pousada), passando pela bonita Capela da Rainha Santa. 


Porém, e se ainda tiver tempo, convém não esquecer de visitar, nomeadamente, o Convento e Igreja de São Francisco e o Largo do Rossio, onde decorre a tradicional Feira de Velharias. 

Memorável é também a saborosa gastronomia. Almoçámos num restaurante típico e no final provámos (e aprovámos) a sericaia, uma sobremesa tipicamente alentejana. Mas sempre a piscar o olho ao tentador arroz doce! 


O dia terminou com a visita a uma oficina dos Bonecos de Estremoz que são Património da Humanidade e que nos revelam mais de três séculos de História. Trata-se da Produção de Figurado em barro, uma arte que faz parte da identidade cultural da cidade de Estremoz.


Estamos perante um processo de produção que demora vários dias: as figuras têm de ser moldadas, vestidas e cozidas e só depois são pintadas e envernizadas. Foi um privilégio assistir a esta arte ao vivo e a cores. São “bonecos” que representam ofícios e tradições do Alentejo, figuras religiosas e muitos temas urbanos e rurais. 


Corria o ano de 2013 quando o Município de Estremoz deu início ao processo de candidatura. E, em boa hora efetuou a inscrição do Figurado no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial e submeteu a candidatura à UNESCO. 

Estão todos de parabéns e nós estamos agradecidos por podermos testemunhar uma arte que é partilhada por várias comunidades em Portugal e que viaja por todo o mundo, levando assim o nome do nosso país além-fronteiras. 

#umdiavamosdesconfinar voltando a esta cidade histórica onde as ruas ainda preservam o cheiro medieval. 


Ao longe, já se avistam as casas brancas que salpicam a paisagem, bem protegida pelas muralhas e pela imponente Torre de Menagem. Estamos quase lá!

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