Peças soltas

Há dias em que, quando acordamos, estamos feitos em cacos… Hoje é o dia!

Será que a vida é feita de peças soltas em que precisamos de doses generosas de sabedoria para lidar com os desafios? Dias que são como um teste aos nossos limites e paciência!

Será a vida um puzzle que temos de montar com muito cuidado e paciência, sempre com aquela ansiedade de, no final, ficar uma peça sozinha?

A caminho do trabalho, momento privilegiado para organizar as ideias e colocar as tarefas por ordem de prioridade, Marta recordava o momento em que decidiu ser médica!

O dia tinha tudo para ser igual a tantos outros, Marta era ainda adolescente e não tinha conseguido decidir o que queria ser quando fosse grande.

 A eterna questão que tanto baralha os alunos, sobretudo no fim do 9º Ano, momento em que têm de começar a dar os primeiros passos que os vão conduzir até à profissão. O futuro, sempre o futuro, esse “ser” longínquo que tem a capacidade de perturbar o nosso presente.

Caminhava até à escola com os seus pensamentos, quando, de repente, do outro lado da rua, viu um colega da turma sofrer uma queda fatal. Foi ali, naquele instante que percebeu que queria ser médica.

Sem dar por isso, já estava a entrar no seu consultório e à sua espera estavam os pais do João e o pequeno João, claro. Era uma consulta determinante que iria ajudar os pais daquela criança a encontrar a peça solta de que procuravam há meses sem fim!

Será que o pequeno João sofria de Síndrome de Williams? Seria esta a causa das dificuldades em se alimentar, que o levavam a ficar irritado com muita frequência?

Teria descoberto a peça solta que ajudaria a explicar as crises do choro do João?

Recostou-se na cadeira, abandonou as memórias longínquas e falou com os pais…

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