Madalena aprendeu da pior maneira possível que para tudo na vida há limites! Quando acordou já estava na cama do hospital, com a mãe sentada junto a ela. “Pregaste-nos um valente susto”, disse a mãe, num tom entre o desespero e o raspanete!
O coração estava demasiado apertado e as palavras custavam a sair. Quem é mãe percebe melhor que ninguém o sentimento de impotência que uma mulher carrega desde o exato momento em que o nosso filho abandona o nosso corpo e vem ao mundo!
Toda e qualquer mãe daria, sem hesitar, a vida pelo filho! E foi exatamente isso que a mãe de Madalena sentiu quando do outro lado lhe perguntaram ao telefone: “Boa tarde, é a D. Emília, mãe da Madalena? Estamos a ligar do Centro Hospitalar Universitário de São João. Lamentamos, mas a sua filha sofreu um acidente. Já está tudo controlado...” Largou o telefone e enquanto conduzia foi tentando restabelecer a calma, encontrando forças no poço inesgotável de poderes que só as mães conhecem!
Tantas vezes tinha dito à filha para trabalhar menos, descansar mais e alimentar-se melhor. Eram os três pedidos diários que Emília fazia à filha, no habitual telefonema entre ambas.
Mas o trabalho não estava a dar tréguas a Madalena, uma exímia advogada que se destacava entre os colegas de profissão, apesar da pouca experiência e de ainda ser nova. Trabalhadora afincada, abnegada e 100% dedicada à carreira.
Aliás, vivia para trabalhar. Sem ninguém em casa, sem hobbies e sem um cão ou um gato que tanta companhia fazem e pouco dada a amizades, Madalena era a primeira a chegar ao trabalho e a última a sair... tudo estava controlado e era assim que Madalena gostava de sentir o mundo! Um acidente de viação trocou-lhe as voltas à vida e agora sabia que tinha de se (re)encontrar e descobrir forças para recomeçar!
Por sorte, tinha consigo a melhor das companhias: a mãe e com ela ia aprender o valor e o significado da palavra recomeçar! Os pedidos da mãe passariam a ser regras de ouro. Desde esse dia aprendeu a ouvir o seu corpo e a aceitar que o mais difícil, muitas vezes, é saber parar.
Por agora, todavia, o que se impunha mesmo era recomeçar! O trabalho teria de esperar! Madalena já só pensava em como iria levantar-se e encarar a vida!
Pela frente tinha uma longa caminhada!
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