A resposta

Paulo sentiu o chão a fugir-lhe dos pés! Os patrões chegaram para mais um dia de trabalho como tantos outros, mas de repente, comunicaram que iam emigrar para acompanhar os estudos dos filhos lá fora e que, por isso, até ao final do verão iam encerrar a empresa. 

A pacatez dos dias tinha tomado conta da vida daquele jovem contabilista que só tinha saído de casa para fazer o curso, mas sempre com pressa de regressar às raízes. E assim foi, mal terminou os estudos, voltou e procurou emprego, achou ele que para a vida toda! Não podia, porém, estar mais enganado! Assim que recebeu a notícia, percebeu que uma coisa era certa: dali não saía. Mais rapidamente mudava de área de trabalho do que de morada. 

Depois de dias de tristeza, desorientado e sem saber que rumo dar à vida, a resposta chegou sem que a tivesse procurado. O tio Zé, o irmão mais velho da mãe, era proprietário de uma pequena mas rentável produção agrícola e estava cada vez mais cansado e incapaz de dar conta do recado. Apesar das várias namoradas, acabou por viver a vida sozinho, dedicando todas as suas energias à empresa. E, agora, que a idade já lhe começava a pesar, a maior dor de cabeça era não ter a quem deixar o seu legado. Puro engano!

O Paulo procurava sem cessar um novo rumo para a sua vida e o tio Zé desesperava por entregar a sua menina dos olhos. A vaca maronesa é uma raça autóctone criada em zonas montanhosas, nas serras do Alvão e Marão, e na pequena quinta do tio Zé eram mais de cem. 

Quis o destino e num dia bem solarengo, o Paulo encontrou o tio Zé, pensativo, no “Café Central”. Apesar de não conversarem muito, ambos sabiam das angústias que os atormentavam. Naquele instante, fez-se luz e não foi preciso uma palavra sequer. 

O olhar deles cruzou-se e ambos perceberam que a resposta que há muito procuravam estava diante deles!

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